sábado, 27 de agosto de 2016

Abel, Caim, e a religião que Deus aceita

       Rotineiramente ouvimos: “Todas as religiões levam a Deus”. A bíblia conta a história de dois irmãos, filhos de Adão e Eva nascidos após a entrada do pecado no mundo, que quiseram se aproximar de Deus. Gênesis 3 dá a entender que Adão e Eva relacionavam-se com Deus diariamente e que este relacionamento rompeu-se com o pecado – isto é, a desobediência para com o mandamento de Deus, resultando em morte física e espiritual. Certamente seus descendentes, entre eles Caim e Abel, cresceram ouvindo histórias sobre esse contato com Deus no paraíso perdido e sobre a promessa feita por Deus (o chamado proto-evangelho, em Gn. 3:15) de que um dia um descendente de Eva derrotaria o Diabo e restauraria a comunhão com Deus. Sem sombras de dúvida, esses relatos e a promessa de restauração geraram um anseio e uma expectativa muito grande nas primeiras gerações humanas por buscar a Deus, por retomar esse vínculo com o Criador.
       O capítulo 4 de Gênesis relata que Caim e Abel, no intuito de aproximar-se de Deus, apresentaram ofertas. Não sabemos exatamente quando ou como esses ritos iniciaram; sabemos que o primeiro sacrifício foi feito pelo próprio Deus para cobrir a vergonha de Adão e Eva com a pele de animais, apontando para o sacrifício de Cristo. Abel e sua oferta foram aceitos diante do Senhor, porém Caim e sua oferta, não. Por qual motivo teria isso acontecido? O texto não deixa explícito, no entanto temos, algumas pistas que nos permitem uma conclusão. Sobre Caim, o apóstolo João diz que “pertencia ao maligno” e “suas obras eram más” (I Jo 3:12). Judas, irmão de Jesus, relaciona os falsos mestres religiosos ao “caminho de Caim” (Jd 11), e Jesus também faz essa associação (Mt 23:35). Sobre Abel, sabemos que: era justo (Mt 23:35), fazia boas obras (I Jo 3:12), e que “pela fé, Abel ofereceu a Deus sacrifício superior ao de Caim, sendo reconhecido como justo quando Deus aceitou suas ofertas” (Hb 11:4). Caim nos fala da religião, do homem separado de Deus e que tenta aproximar-se dele com seus próprios esforços, mas que fracassa por não ser capaz de atender aos requisitos divinos. Abel nos fala da reconciliação com Deus através de Cristo, o sacrifício expiatório que nos aproxima do Altíssimo mediante a fé em sua obra redentora.
      Não há nenhuma religião que nos aproxime de Deus. Tentar aproximar-se dele através de ritos, por mais elegantes ou piedosos que sejam, é inútil. Mas através de Cristo, o sacrifício perfeito, temos aprovação de Deus e acesso à vida com ele. “Disse-lhes Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14:6).