Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração;
prova-me e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau e
guia-me pelo caminho eterno. Salmo
139:23,24
Essa é uma oração difícil de ser feita
com sinceridade! “Sonda-me e conhece o meu coração!” . Nossa tendência é sempre colocar máscaras,
vivemos de aparências. Nossa primeira impressão acerca de uma pessoa é a nossa
visão quem dá, relativa ao estereótipo dessa pessoa. Da mesma forma nós também
sempre procuramos impressionar aos outros zelando por uma aparência agradável
ou, no mínimo, conveniente. Em um certo nível, não há nada de errado em cuidar
do exterior; o problema é quando erguemos sobre nós uma camuflagem sobre quem
realmente somos, quando agimos com hipocrisia. Mas também é problema quando
evitamos o confronto com a Palavra Viva, quando estamos aconchegados em nossa
zona de conforto, presumindo que “estamos bem na fita”.
No meio evangélico atual, há essa
necessidade de estar sempre bem: os chavões e as “encenações” dentro da igreja
estão aí pra provar isso. Escondemos nossas falhas e dificuldades dos outros,
de nós mesmos, e achamos que podemos nos esconder de Deus, imaginando que
podemos nos tornar mais “aceitáveis” pra Ele (a propósito, Cristo morreu por
nós sendo nós ainda pecadores!!). Com isso, somos nós mesmos quem perdemos,
deixando passar oportunidades de experimentar de formas muito profundas o amor
de Deus e a santificação em nossas vidas.
As Escrituras afirmam que “A Sepultura e a Destruição estão abertas diante do
Senhor; quanto mais os corações dos homens!” (Provérbios 15:11). Deus
conhece o profundo de nossos corações: anseios, intenções, pensamentos, desejos
e pecados. O Senhor Jesus falou com a igreja de Laodicéia no livro de
Apocalipse, dizendo:
Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera
foras frio ou quente!
Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Apocalipse 3:15-20
Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Apocalipse 3:15-20
Uma das cenas mais engraçadas e ao
mesmo tempo mais tristes é quando observamos pessoas que “se acham” mas não são
– estão plenamente convencidas em si mesmas que estão no topo, enquanto que, na
verdade, todo o resto vê uma situação muito diferente.
Vamos visitar uma passagem dos
evangelhos sinóticos que pode nos ajudar a refletir sobre essa verdade em
nossas próprias vidas, e que também vai nos confrontar:
Quando Jesus ia saindo, um homem correu em sua direção,
pôs-se de joelhos diante dele e lhe perguntou: "Bom mestre, que farei para
herdar a vida eterna? "Respondeu-lhe Jesus: "Por que você me chama
bom? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus. Você conhece os mandamentos: ‘não
matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não
enganarás ninguém, honra teu pai e tua mãe’". E ele declarou:
"Mestre, a tudo isso tenho obedecido desde a minha adolescência". Jesus
olhou para ele e o amou. "Falta-lhe uma coisa", disse ele. "Vá,
venda tudo o que você possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro
no céu. Depois, venha e siga-me".
Diante disso ele ficou abatido e afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas.
Jesus olhou ao redor e disse aos seus discípulos: "Como é difícil aos ricos entrar no Reino de Deus!" Os discípulos ficaram admirados com essas palavras. Mas Jesus repetiu: "Filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus". Marcos 10:17-25
Diante disso ele ficou abatido e afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas.
Jesus olhou ao redor e disse aos seus discípulos: "Como é difícil aos ricos entrar no Reino de Deus!" Os discípulos ficaram admirados com essas palavras. Mas Jesus repetiu: "Filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus". Marcos 10:17-25
Vemos aí a história de um homem
piedoso conforme a lei e as tradições judaicas. Tinha uma vida religiosa “pra
ninguém botar defeito”. Ainda assim, ele recorreu a Jesus. Não sabemos sua
motivação ao fazê-lo, mas duas hipóteses me passam à mente (que não refletem
necessariamente a verdade): 1) Ele esperava ouvir elogios de Jesus por sua
fidelidade à lei, ou 2) Ele imaginava que Jesus lhe daria mais mandamentos para
que ele cumprisse (e assim teria mais piedade...). Mas
Jesus lhe desvendou o coração.
Ele se ajoelhou diante do Senhor e
chamou-o de “bom mestre”. Provavelmente esse tipo de reverência era desejada
pelos fariseus e mestres da lei da época, mas Jesus parece ter feito pouco
caso. Em resposta à pergunta do homem rico, Jesus deve ter soado como “Como
assim, ‘o que farei pra herdar a vida eterna’? Você já não conhece os
mandamentos?” Isso parece um tanto quanto provocativo, em um bom sentido, da
parte do Senhor. Talvez para saber se o rapaz se contentava com aquilo, ou se
estava insatisfeito, se havia inconformismo. “Que me falta ainda?”, disse o
jovem, segundo o relato de Mateus. Mais uma vez, é difícil perceber a motivação
do rico com essa questão. Poderia ser sincera, ou então legalista ou pretexto
pra se gloriar.
Mas o detalhe que só existe no livro
de Marcos é esse: “Jesus olhou para ele e o amou”. E não importa o que trazemos
conosco, esse é olhar de Jesus sobre nós também. E não importa o que ele venha
a nos dizer, será dito com amor. E nesse momento é que Jesus desvenda o coração
desse jovem rico. Várias vezes os evangelhos relatam que “Jesus conhecia os
pensamentos” e o coração do ser humano. E ele sempre confrontava, em um bom
sentido, cada um com quem ele tratava, como quem confronta uma mentira. Os
dependentes químicos aprendem que o primeiro passo pra recuperação é admitir o
problema. E a didática de Jesus passa por essa etapa. Foi assim com Nicodemos
(“És mestre em Israel e não sabes estas coisas?”), com Pedro, com Tiago e João,
e com vários outros, e é assim conosco também. Jesus não se conforma em deixar
que vivamos nossas mentiras, nossa fuga de nós mesmos. Ele deseja nos curar!
Em seguida, Jesus lhe disse: "Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus
bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e
siga-me" (Mateus 19:21). E foi nesse ponto que Jesus tocou na
ferida, expôs o interior daquele homem para que ele mesmo pudesse contemplar. Ele
quis mostrar que apesar da obediência irrestrita à Lei, o coração do jovem não
estava em Deus. Então, o Senhor lhe propõe renunciar àquilo que lhe governava o
coração. E esse é o segundo ponto da didática Divina: a entrega. Foi assim com
Abraão, que após 25 anos de espera gerou a Isaque aos 100 anos de idade, fruto
da promessa de Deus, e foi desafiado a devolvê-la a Deus, para que seu coração
não estivesse na promessa, mas sim naquEle que prometeu. Foi assim com Paulo,
que tendo muitos motivos pra se gloriar na sua formação humana rejeitou tudo
como refugo, a fim de ganhar a Cristo. E então Jesus convidou o jovem rico a
segui-lo.
Diante disso ele ficou abatido e afastou-se triste, porque
tinha muitas riquezas. Sua
tristeza passou pelo enfrentamento da realidade de seu coração e da
impossibilidade de renunciar isso. O propósito dessa análise não é, de forma
alguma, julgar esse homem; é de identificar-nos com ele. Somos mais parecidos
com ele do que pensamos. Seu destino foi essa tristeza, e sua escolha de se
afastar. Quando nos conformamos, nos afastamos. E, sem dúvida há muitas coisas
que podem dominar nosso coração, mas não podemos ignorar o fato de que dentre
todos eles Jesus destacou as riquezas. Isso porque além de exigir de nós o amor
que é devido a Deus como as outras coisas, as riquezas nos fazem confiar e
depender nelas. Jesus se indignou com a atitude do homem e fez o desabafo em
seu lamento.
E nós? Desejamos que Deus realmente
sonde os nossos corações? Estamos
preparados para permitir que o Senhor nos tire do nosso conforto e trabalhe
fundo no nosso ser?
Ou será que ele já tem nos mostrado
algumas coisas, e estamos relutantes? O conformismo é perigoso! Se não
persistimos em oração diária por santificação, já estamos nos afastando!
Na realidade, se estamos em Cristo,
precisamos permitir que o Senhor faça isso. Precisamos orar sempre, em
humildade e contrição, para que o nosso coração não nos engane e não nos afaste
dos caminhos do Senhor:
Cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração
perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo. Pelo contrário, encorajem-se
uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama "hoje", de
modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado, pois passamos a ser participantes de Cristo,
desde que, de fato, nos apeguemos até o fim à confiança que tivemos no
princípio. Hebreus
3:12-14
Examinem-se para ver se vocês estão na fé; provem-se a si
mesmos. 2 Coríntios 13:5ª
Não precisamos temer o que pode
surgir! Cristo morreu por nós enquanto ainda éramos pecadores! Quanto mais Deus
não demonstrará seu amor para conosco agora que buscamos por sua graça!
Que o Espírito Santo clame em nossos
corações contra toda a injustiça em nós, contra todo o pensamento que se
levante contra o conhecimento de Cristo!
Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que
apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que
é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede
transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:1-2
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