Muitas das questões/problemas do
mundo pós-moderno, com respeito principalmente ao ser humano, têm como razão de
ser a retirada de padrões (por exemplo, a não existência de certo e errado), ou
ainda, a validação de inúmeros padrões (todas as possibilidades são corretas). Faltam definições.
Um dos maiores enganos da
filosofia pós-moderna é a desconstrução dos saberes, a relativização do
discurso. Algumas das bandeiras dessa filosofia são: o preceito de que a
realidade é pessoal, ou seja, eu tenho minha própria interpretação das coisas;
e a segunda pressupõe o abandono da busca pela verdade. Quanto ao primeiro
ponto, se eu sou “dono” da realidade (pelo menos da minha própria – que é a que
importa), tenho que partir do pressuposto que sou perfeito, para que minha
interpretação da verdade seja perfeita. Se não o sou, minha perspectiva estará
distorcida, e provavelmente estarei deixando de perceber coisas. Quanto ao
segundo ponto, está conectado ao primeiro, e mostrarei como. A negação de uma
verdade absoluta é a própria condição necessária para que eu assuma a minha
versão dos fatos como a mina verdade. Se eu aceitar que há uma verdade
absoluta, externa a mim, seria incoerente ao me limitar à minha concepção das
coisas.
Imaginando
uma atitude completamente oposta à do pós-modernismo, teria que: 1) Existe uma
verdade, um referencial absoluto; e, 2) Esse referencial não sou eu. Há,
portanto, algumas implicações óbvias desses postulados. A primeira, e mais
importante delas, é a de que posso estar errado, equivocado quanto à minha
compreensão. Logo, devo estar disposto a “enfrentar” essa distorção da minha
versão da realidade. Segundo, assumindo minha “distorção”, devo me dispor a
buscar essa verdade que está fora de mim, e aceitar, em mim mesmo, que sou alvo
dessa verdade, e que existo nela.
Entretanto, se essa verdade
externa existe, e se eu mesmo existo numa realidade que não é particular minha,
como devo buscá-la? Sabiamente um filósofo afirmou que cada problema deve ser
analisado à luz de uma ciência que o transcenda. Por exemplo, não posso
empregar a matemática para resolver um problema biológico. Devo buscar a
solução dentro da biologia. Mas, como classifico o problema da realidade? Certamente
a realidade possui várias facetas, que compõe o mundo físico, que inclui as
coisas que podem ser estudadas objetivamente – como as leis físicas, e o mundo
metafísico, que inclui as idéias, os estudos da alma e da mente, e outros
aspectos mais subjetivos.
Para essa
busca da verdade, vejo duas soluções: ou eu parto do questionamento, e então
conto com a “sorte” de fazer as questões certas que me direcionarão a essa
verdade, ou parto de uma conceituação já estabelecida, e a avalio naquilo que
puder, e assimilo suas leis. Há que se lembrar, entretanto, “que toda e
qualquer ciência está contida ou em uma imanência lógica, ou em uma imanência
dentro de uma transcendência, que ela não consegue explicar”. Ou seja, nem
todas as coisas são explicáveis; em algum momento devo abraçar algum
pressuposto.
Em seguida a continuação... / To be continued...
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