Uma das variáveis mais importantes no estudo da física,
química e das outras ciências naturais é a entropia. Sua interpretação não é
muito simples, mas possui algumas particularidades muito interessantes. De
forma bastante simplificada, uma delas diz respeito ao grau de ordem ou
desordem (em nível de partículas) de um sistema termodinâmico em transformação.
Se essa transformação for reversível, a variação da entropia do sistema e suas
redondezas é igual a zero, e o sistema não aumenta em ordem ou desordem; se
essa transformação for irreversível, a entropia desse sistema aumenta, bem como
seu grau de desordem interna. A entropia de um sistema nunca diminui, e isso
significa que, a não ser que haja uma influência externa, ele nunca vai se reordenar
espontaneamente, e ao fim dessa transformação haverá uma certa quantidade de
energia que está presente no sistema, mas não está disponível para levá-lo ao
estado original.
Esperando não ser uma comparação bizarra, percebo que a vida
humana também possui sua espécie de “entropia”. Baseio essa comparação em fatos
análogos aos supracitados, com a ressalva que, de forma mais geral, os
processos em nossa vida são irreversíveis e que frequentemente
acrescentamos-lhe “desordem” e “bagunça”. Além disso, sempre parece que por
mais energia que tenhamos e empreguemos para organizá-la e melhorá-la, nunca
obtemos sucesso pleno. É o que o filósofo Lúcio Sêneca denomina vício ou tédio: a inconstância dos propósitos, a inquietação da alma frente
suas próprias limitações, incoerências e falhas. Para completar a alegoria,
penso na energia externa que pode restaurar um sistema ao seu estado inicial e
original como a ação do próprio Deus.
Cada um de nós possui seu grau de desordem, muitos lutam para
corrigi-lo. No entanto, sozinhos não podemos ir muito longe – faz-se até uma
ironia amarga o fato de criarmos mais desordem do que possamos dar conta. Deus,
em Jesus Cristo, oferece sua graça: “Para isso se manifestou o filho de Deus:
para destruir as obras do diabo” (I Jo. 3:8b) e “Onde aumentou o pecado,
transbordou a graça” (Romanos 5:20). Se o leitor reconhece que em sua vida há
desordem que precisa ser desfeita, e talvez até já tentou desfazê-la com suas
próprias forças, saiba que há um Deus que habita nos altos céus, mas também com
o humilde de espírito que pode e deseja ajudar. Lembre-se de que, quando a
terra estava “vazia e sem forma”, em meio ao caos e desordem, a Palavra de Deus
criou ordem. Lembre-se do Amor que se personificou, e ainda hoje vem ao seu
encontro de braços abertos.
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