Bom, hoje eu gostaria de postar um trabalho (resumido) que fiz no primeiro semestre do curso de Matemática (Universidade Católica de Pelotas), pela disciplina de Filosofia e Educação, sob a coordenação da professora Jara Fontoura. O trabalho envolveu o estudo e o debate sobre a obra "Implicações antropológicas na filosofia da educação de Paulo Freire", dos professores da Universidade Federal de Pelotas Gomercindo Ghiggi e Telmo Kneip. Minha intenção aqui é provocar a reflexão sobre esse tema tão importante da atualidade que é a educação, e gostaria que todos ficassem à vontade para expor suas opiniões e críticas. Não tenho, de modo nenhum, a pretenção de estar 100% certo, mas espero que os leitores apreciem o texto, um breve resumo da obra.
O que há de relação entre o homem e a educação? Tudo. Em última análise, o por quê da educação é o próprio ser humano. A revolução que Paulo Freire realizou no aspecto educativo foi “simplesmente” introduzir a educação no contexto humano, tornando-a acessível, interessante e produtiva.
A essência de ser humano é fonte de inúmeros debates filosóficos, pois na medida em que compreendemos o homem podemos reconhecer suas motivações, suas necessidades, seus valores, o melhor programa para educá-lo. Todo sistema educacional pressupõe uma filosofia do homem. Considerando este fato, constatamos facilmente que a vocação ontológica do homem é a de ser sujeito, e não objeto. Quando o homem é tratado como objeto sua identidade é abstraída e ele é desumanizado. Como sujeito, o homem possui como práxis a unidade entre sua ação e reflexão sobre o mundo, tornando-o apto a transformar a realidade dentro de sua criticidade.
Em uma sociedade desigualitária temos a figura do oprimido e do opressor. O oprimido é o indivíduo desumanizado, diminuído, expropriado de sua vocação. Precisam lutar contra essa condição, mas temem, pois possuem a força opressora introjetada em si. Os opressores são aqueles que violentam, que querem ser mais. São os responsáveis pela desigualdade e possuem o dinheiro como medida das coisas. O alvo principal da pedagogia freiriana são os oprimidos.
A cultura para Freire, “tem um sentido muito diferente e muito mais rico do que tem no sentido ordinário. A cultura – por oposição à natureza, que não é criação do homem – é a contribuição que o homem faz ao dado, à natureza. Cultura é todo o resultado da atividade humana...”. é a integração do homem às condições do seu contexto de vida, oriunda de sua reflexão sobre elas em resposta aos desafios existentes.
A comunicação e o diálogo são as condições sem as quais não há educação ou aprendizagem: “a comunicação é a co-participação dos sujeitos no ato de pensar... um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados”. Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo. O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes a exigir deles um novo pronunciar. Não há o “pensar sozinho”; os indivíduos reunidos (mediatizados) em torno de um objeto pensam juntos através do diálogo. A educação não é, por este motivo, transmissão de conhecimento, mas sim a construção deste.
No estudo filosófico sobre a linguagem e o pensamento, temos que o exercício da inteligência como pensamento é inseparável da linguagem, pois a linguagem é o que nos permite estabelecer relações, concebê-las e compreendê-las. Graças às significações que atribuímos aos objetos é que podemos pensá-los e criá-los. Também podemos perceber que as aquisições da linguagem e do pensamento andam juntas.
Educar é conscientizar. A educação e a alfabetização devem ter como propósito alcançar o homem na sua essência e despertá-lo para ser sujeito de sua própria história. Como prática da liberdade propõe uma reflexão sobre o homem e suas relações com o mundo e exige que se estabeleçam, como exemplos a título de exercício do pensamento, situações reais que sirvam como objeto em torno do qual o educador-educando e o educando-educador estabeleçam o diálogo que gerará respostas e atitudes. Para isso, o educador deve buscar do contexto dos educandos um universo temático que possa ser explorado, e palavras que, antes da fonética e gramática, possuam um significado real ao ponto de fornecer subsídio para a construção do pensamento autônomo.
Paulo Freire expôs três tipos de educação: a educação bancária (que consiste no fato de que o educador possui o conhecimento e deposita este no educando, gerando indivíduos passivos, conformados, alienados), a educação libertadora (que possui um caráter reflexivo e propõe ao homem a descoberta de si mesmo como sujeito, reconhecendo a inconclusão do homem e uma realidade a ser construída) e a educação popular ( que visa uma aproximação cultural do universo popular, objetivando preparar os indivíduos para transformações sociais).
A educação é um ato político, por envolver uma concepção de ser humano e de mundo e por impelir os homens à uma luta concreta para sua libertação.
Fonte: GHIGGI, Gomercindo & KNEIP, Telmo. Implicações antropológicas na filosofia da educação de Paulo Freire. Pelotas: Seiva, 2004.
"Deus fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração do homem anseio pela eternidade; mesmo assim ele não consegue compreender inteiramente o que Deus fez." Eclesiastes 3:11
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Mais loucura...
Há um ponto eu que a lógica e a loucura se confundem, em que a razão se perde.
Quanto mais eu observo as coisas e reflito sobre elas tanto mais elas me intrigam, concedendo-me, simultaneamente, tanto vislumbres sobre a lógica do funcionamento das coisas (como a sociedade, o pensamento e inclinações humanos) e um sentimento de empolgação por compreendê-las, como uma sensação estranha (como a de estar em um labirinto), pois por mais que se pense parece que nunca se chega a uma conclusão objetiva, coerente e clara sobre a realidade da vida.
Esse sentimento estranho reduz em mim o conceito de vida e existência a um duplo status de dignidade e indignidade, que ainda não sei se são concorrentes e opostos entre si ou não, apesar de parecerem.
Tentando explicar melhor, digo dignidade pela compreensão que tenho de ser humano, dotado de valor, criado por Deus e digno de amor, respeito e manutenção da vida. O aspecto da indignidade é oriundo de uma atitude negativa do ser humano contra si mesmo, que poderíamos denominar pecado.
Quanto mais eu observo as coisas e reflito sobre elas tanto mais elas me intrigam, concedendo-me, simultaneamente, tanto vislumbres sobre a lógica do funcionamento das coisas (como a sociedade, o pensamento e inclinações humanos) e um sentimento de empolgação por compreendê-las, como uma sensação estranha (como a de estar em um labirinto), pois por mais que se pense parece que nunca se chega a uma conclusão objetiva, coerente e clara sobre a realidade da vida.
Esse sentimento estranho reduz em mim o conceito de vida e existência a um duplo status de dignidade e indignidade, que ainda não sei se são concorrentes e opostos entre si ou não, apesar de parecerem.
Tentando explicar melhor, digo dignidade pela compreensão que tenho de ser humano, dotado de valor, criado por Deus e digno de amor, respeito e manutenção da vida. O aspecto da indignidade é oriundo de uma atitude negativa do ser humano contra si mesmo, que poderíamos denominar pecado.
Vida e existência são palavras sem clara definição; sua práxis é banal, corriqueira, mas seu significado é profundo.
Essas constatações, apesar de não me permitirem ainda ter conclusões sobre aspectos da vida em si, me outorgam certa ousadia para afirmar que embora não entendamos muitas facetas da vida, é justo que a vivamos em parceria de fé com quem no-la deu: o próprio Deus, a quem devemos confiança e a condução da nossa vida. Dessa forma, aquilo que nossa mente não pode desvendar não permanece um mistério senão de fé, com o qual podemos ter paz, mesmo sem "ver", através dessa convicção que a própria fé nos dá.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Silêncio!
Um momento de silêncio, um instante de quietude...
A busca por uma vida a ser vivida, por uma visão a ser seguida, uma paixão que me incendeie...
A humildade para recomeçar sempre que preciso; a coragem de amar sempre que possível. Compreender a vida sem negligenciá-la - um bem tão profundo e desconhecido.
Percebes o tempo passar, num misto de sabedoria e surrealismo, iludindo a todos na dualidade distorcida eternidade/finitude?
Por pouco, muito pouco, e a nossa vida é completamente alterada. Num instante. Numa decisão. A implicação eterna de cada momento requer humildade intrínseca e a graça do alto.
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