sábado, 13 de julho de 2013

Provocações

Muitas das questões/problemas do mundo pós-moderno, com respeito principalmente ao ser humano, têm como razão de ser a retirada de padrões (por exemplo, a não existência de certo e errado), ou ainda, a validação de inúmeros padrões (todas as possibilidades são corretas).  Faltam definições.
Um dos maiores enganos da filosofia pós-moderna é a desconstrução dos saberes, a relativização do discurso. Algumas das bandeiras dessa filosofia são: o preceito de que a realidade é pessoal, ou seja, eu tenho minha própria interpretação das coisas; e a segunda pressupõe o abandono da busca pela verdade. Quanto ao primeiro ponto, se eu sou “dono” da realidade (pelo menos da minha própria – que é a que importa), tenho que partir do pressuposto que sou perfeito, para que minha interpretação da verdade seja perfeita. Se não o sou, minha perspectiva estará distorcida, e provavelmente estarei deixando de perceber coisas. Quanto ao segundo ponto, está conectado ao primeiro, e mostrarei como. A negação de uma verdade absoluta é a própria condição necessária para que eu assuma a minha versão dos fatos como a mina verdade. Se eu aceitar que há uma verdade absoluta, externa a mim, seria incoerente ao me limitar à minha concepção das coisas.
Imaginando uma atitude completamente oposta à do pós-modernismo, teria que: 1) Existe uma verdade, um referencial absoluto; e, 2) Esse referencial não sou eu. Há, portanto, algumas implicações óbvias desses postulados. A primeira, e mais importante delas, é a de que posso estar errado, equivocado quanto à minha compreensão. Logo, devo estar disposto a “enfrentar” essa distorção da minha versão da realidade. Segundo, assumindo minha “distorção”, devo me dispor a buscar essa verdade que está fora de mim, e aceitar, em mim mesmo, que sou alvo dessa verdade, e que existo nela. 

Entretanto, se essa verdade externa existe, e se eu mesmo existo numa realidade que não é particular minha, como devo buscá-la? Sabiamente um filósofo afirmou que cada problema deve ser analisado à luz de uma ciência que o transcenda. Por exemplo, não posso empregar a matemática para resolver um problema biológico. Devo buscar a solução dentro da biologia. Mas, como classifico o problema da realidade? Certamente a realidade possui várias facetas, que compõe o mundo físico, que inclui as coisas que podem ser estudadas objetivamente – como as leis físicas, e o mundo metafísico, que inclui as idéias, os estudos da alma e da mente, e outros aspectos mais subjetivos.

Para essa busca da verdade, vejo duas soluções: ou eu parto do questionamento, e então conto com a “sorte” de fazer as questões certas que me direcionarão a essa verdade, ou parto de uma conceituação já estabelecida, e a avalio naquilo que puder, e assimilo suas leis. Há que se lembrar, entretanto, “que toda e qualquer ciência está contida ou em uma imanência lógica, ou em uma imanência dentro de uma transcendência, que ela não consegue explicar”. Ou seja, nem todas as coisas são explicáveis; em algum momento devo abraçar algum pressuposto.

Em seguida a continuação... / To be continued...