quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Educação, um tema fundamental

Bom, hoje eu gostaria de postar um trabalho (resumido) que fiz no primeiro semestre do curso de Matemática (Universidade Católica de Pelotas), pela disciplina de Filosofia e Educação, sob a coordenação da professora Jara Fontoura. O trabalho envolveu o estudo e o debate sobre a obra "Implicações antropológicas na filosofia da educação de Paulo Freire", dos professores da Universidade Federal de Pelotas Gomercindo Ghiggi e Telmo Kneip. Minha intenção aqui é provocar a reflexão sobre esse tema tão importante da atualidade que é a educação, e gostaria que todos ficassem à vontade para expor suas opiniões e críticas. Não tenho, de modo nenhum, a pretenção de estar 100% certo, mas espero que os leitores apreciem o texto, um breve resumo da obra.

O que há de relação entre o homem e a educação? Tudo. Em última análise, o por quê da educação é o próprio ser humano. A revolução que Paulo Freire realizou no aspecto educativo foi “simplesmente” introduzir a educação no contexto humano, tornando-a acessível, interessante e produtiva.
A essência de ser humano é fonte de inúmeros debates filosóficos, pois na medida em que compreendemos o homem podemos reconhecer suas motivações, suas necessidades, seus valores, o melhor programa para educá-lo. Todo sistema educacional pressupõe uma filosofia do homem. Considerando este fato, constatamos facilmente que a vocação ontológica do homem é a de ser sujeito, e não objeto. Quando o homem é tratado como objeto sua identidade é abstraída e ele é desumanizado. Como sujeito, o homem possui como práxis a unidade entre sua ação e reflexão sobre o mundo, tornando-o apto a transformar a realidade dentro de sua criticidade.
Em uma sociedade desigualitária temos a figura do oprimido e do opressor. O oprimido é o indivíduo desumanizado, diminuído, expropriado de sua vocação. Precisam lutar contra essa condição, mas temem, pois possuem a força opressora introjetada em si. Os opressores são aqueles que violentam, que querem ser mais. São os responsáveis pela desigualdade e possuem o dinheiro como medida das coisas. O alvo principal da pedagogia freiriana são os oprimidos.
A cultura para Freire, “tem um sentido muito diferente e muito mais rico do que tem no sentido ordinário. A cultura – por oposição à natureza, que não é criação do homem – é a contribuição que o homem faz ao dado, à natureza. Cultura é todo o resultado da atividade humana...”. é a integração do homem às condições do seu contexto de vida, oriunda de sua reflexão sobre elas em resposta aos desafios existentes.
A comunicação e o diálogo são as condições sem as quais não há educação ou aprendizagem: “a comunicação é a co-participação dos sujeitos no ato de pensar... um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados”. Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo. O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes a exigir deles um novo pronunciar. Não há o “pensar sozinho”; os indivíduos reunidos (mediatizados) em torno de um objeto pensam juntos através do diálogo. A educação não é, por este motivo, transmissão de conhecimento, mas sim a construção deste.
No estudo filosófico sobre a linguagem e o pensamento, temos que o exercício da inteligência como pensamento é inseparável da linguagem, pois a linguagem é o que nos permite estabelecer relações, concebê-las e compreendê-las. Graças às significações que atribuímos aos objetos é que podemos pensá-los e criá-los. Também podemos perceber que as aquisições da linguagem e do pensamento andam juntas.
Educar é conscientizar. A educação e a alfabetização devem ter como propósito alcançar o homem na sua essência e despertá-lo para ser sujeito de sua própria história. Como prática da liberdade propõe uma reflexão sobre o homem e suas relações com o mundo e exige que se estabeleçam, como exemplos a título de exercício do pensamento, situações reais que sirvam como objeto em torno do qual o educador-educando e o educando-educador estabeleçam o diálogo que gerará respostas e atitudes. Para isso, o educador deve buscar do contexto dos educandos um universo temático que possa ser explorado, e palavras que, antes da fonética e gramática, possuam um significado real ao ponto de fornecer subsídio para a construção do pensamento autônomo.
Paulo Freire expôs três tipos de educação: a educação bancária (que consiste no fato de que o educador possui o conhecimento e deposita este no educando, gerando indivíduos passivos, conformados, alienados), a educação libertadora (que possui um caráter reflexivo e propõe ao homem a descoberta de si mesmo como sujeito, reconhecendo a inconclusão do homem e uma realidade a ser construída) e a educação popular ( que visa uma aproximação cultural do universo popular, objetivando preparar os indivíduos para transformações sociais).
A educação é um ato político, por envolver uma concepção de ser humano e de mundo e por impelir os homens à uma luta concreta para sua libertação.

Fonte: GHIGGI, Gomercindo & KNEIP, Telmo. Implicações antropológicas na filosofia da educação de Paulo Freire. Pelotas: Seiva, 2004.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Mais loucura...

Há um ponto eu que a lógica e a loucura se confundem, em que a razão se perde.
Quanto mais eu observo as coisas e reflito sobre elas tanto mais elas me intrigam, concedendo-me, simultaneamente, tanto vislumbres sobre a lógica do funcionamento das coisas (como a sociedade, o pensamento e inclinações humanos) e um sentimento de empolgação por compreendê-las, como uma sensação estranha (como a de estar em um labirinto), pois por mais que se pense parece que nunca se chega a uma conclusão objetiva, coerente e clara sobre a realidade da vida.
Esse sentimento estranho reduz em mim o conceito de vida e existência a um duplo status de dignidade e indignidade, que ainda não sei se são concorrentes e opostos entre si ou não, apesar de parecerem.
Tentando explicar melhor, digo dignidade pela compreensão que tenho de ser humano, dotado de valor, criado por Deus e digno de amor, respeito e manutenção da vida. O aspecto da indignidade é oriundo de uma atitude negativa do ser humano contra si mesmo, que poderíamos denominar pecado.
Vida e existência são palavras sem clara definição; sua práxis é banal, corriqueira, mas seu significado é profundo.
Essas constatações, apesar de não me permitirem ainda ter conclusões sobre aspectos da vida em si, me outorgam certa ousadia para afirmar que embora não entendamos muitas facetas da vida, é justo que a vivamos em parceria de fé com quem no-la deu: o próprio Deus, a quem devemos confiança e a condução da nossa vida. Dessa forma, aquilo que nossa mente não pode desvendar não permanece um mistério senão de fé, com o qual podemos ter paz, mesmo sem "ver", através dessa convicção que a própria fé nos dá.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Silêncio!

Um momento de silêncio, um instante de quietude...
A busca por uma vida a ser vivida, por uma visão a ser seguida, uma paixão que me incendeie...
A humildade para recomeçar sempre que preciso; a coragem de amar sempre que possível. Compreender a vida sem negligenciá-la - um bem tão profundo e desconhecido.
Percebes o tempo passar, num misto de sabedoria e surrealismo, iludindo a todos na dualidade distorcida eternidade/finitude?
Por pouco, muito pouco, e a nossa vida é completamente alterada. Num instante. Numa decisão. A implicação eterna de cada momento requer humildade intrínseca e a graça do alto.